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Entre os principais fatores responsáveis pela produtividade do meloeiro, o equilíbrio nutricional durante o ciclo é de fundamental importância, por isso, é necessário que cada nutriente deva estar disponível na solução do solo em quantidades e proporções adequadas (MALAVOLTA, 1980a). A não observância dos desequilíbrios nutricionais existentes refletirá diretamente na produtividade e na qualidade dos frutos.

Para uma recomendação de adubação adequada, é necessário identificar qual ou quais nutrientes são mais limitantes para a produção. Tradicionalmente essa identificação é realizada por meio de análise do solo juntamente com análises dos tecidos vegetais, comumente denominada análise foliar, que visa o aprimoramento das técnicas de diagnóstico do estado nutricional das culturas (MALAVOLTA, 1961; ALDRICH, 1973), tendo como vantagem o fato da planta ser o extrator do nutriente no solo, e permitir uma avaliação direta de seu estado nutricional (BEAUFILS, 1971; ORLANDO FILHO; ZAMBELLO JÚNIOR, 1983).

A análise foliar é uma ferramenta útil, mas para isso, são necessários procedimentos adequados para a interpretação dos dados. Por causa da natureza dinâmica da composição do tecido foliar, que é fortemente influenciado pela idade da folha, estado de maturação e as interações que envolvem a absorção e translocação de nutrientes, a diagnose do tecido foliar pode ser uma prática de difícil entendimento e utilização (WALWORTH, 1987; SUMNER, 1987).

No entanto, a diagnose foliar tem mostrado ser útil tanto na quantificação do estado nutricional das culturas em geral quanto nas recomendações de adubação (BEATON; WALSH, 1973), em que o teor de nutriente na planta é resultante da ação e interação dos fatores que afetam sua disponibilidade no solo e sua absorção pelas plantas (MUNSON, 1973; NELSON, 1973). Devido à contribuição da diagnose foliar no auxílio da interpretação de desequilíbrios nutricionais das culturas, diversos métodos foram sugeridos para interpretar os resultados da análise foliar e juntamente com a análise do solo levou os pesquisadores tentarem descobrir qual seria a melhor forma de interpretar-los para fins de avaliação da fertilidade do solo. 

Em recentes estudos (RIBEIRO, 2008), avaliou métodos na diagnose nutricional do melão cantaloupe irrigado na região da Chapada do Apodi-RN, para isso utilizou os seguintes métodos: Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS), Índices Balanceados de Kenworthy (IBK), Nível Crítico Pela Distribuição Normal Reduzida (NCRIz), Faixas Críticas (FC) e Chance Matemática (CM); visando estabelecer padrões, identificar e hierarquizar as limitações nutricionais e comparar os diversos métodos de interpretação de análise foliar.

O trabalho foi realizado com dados fornecidos pelos produtores de melão da Chapada do Apodi, na região produtora entre os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, composto de análises foliares de 100 talhões de melão cantaloupe irrigado, onde foram determinados os teores dos seguintes nutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Mn, Cu, Zn e B, onde os resultados destas análises foram tabulados juntamente com os dados de produtividade em uma planilha do Microsoft Excel™. Para o estabelecimento dos valores padrões ou de referência a serem considerados nos métodos empregados, foram consideradas lavouras de alta produtividade aquelas que apresentaram acima de 28 Mg ha-1 por apresentar um maior número de amostras representativas, considerando também as populações de baixa produtividade aquelas com valores inferiores a 28 Mg ha-1.

Os resultados mostraram que entre os vários métodos empregados para a análise de interpretação foliar em melão cantaloupe irrigado, observou-se que o Fe e B são os nutrientes mais limitantes por falta, com exceção do método do NCRIz que apresentou o K e P como nutrientes mais limitantes por falta. O Fe é um importante componente do sistema enzimático da planta responsável pelo transporte de elétrons durante a fotossíntese e respiração terminal. Atua também como catalisador na produção de clorofila e é necessário para a redução do nitrato e sulfato e suas respectivas assimilações. Alguns fatores podem interferir na absorção de ferro pelas raízes: excesso de irrigação, excesso de sais solúveis, drenagem inadequada, pragas, pH do substrato muito alto, ou nematóideos.

Na região da Chapada do Apodi onde se pratica a agricultura irrigada, o que se observa é o aumento do pH do solo com o tempo de cultivo. O principal problema pela elevação do pH do solo é de ordem nutricional, principalmente referente à disponibilidade de P e de micronutrientes como Fe, Mn e Zn (BERTRAND et al., 2003). Isso se deve a qualidade da água de irrigação que, pela presença de carbonatos e bicarbonatos, se verifica aumento de, em média, 0,5 unidades de pH anualmente. Maia et al. (1997) na avaliação das águas de poços tubulares, de rios e de açudes da Chapada do Apodi, verificaram que grande parte das águas apresentavam elevadas concentrações de  , Ca, Mg e Na. Maia et al. (2001) avaliando a qualidade da água de irrigação nas regiões da Chapada do Apodi e Baixo Açu, observaram que a utilização dessas águas contribui consideravelmente com adições de carbonatos e bicarbonatos, ocasionando o aumento do pH dos solos, o que já é observado na prática, principalmente na cultura do melão na região de Baraúnas - RN e na cultura da banana no Baixo Açu-RN, com o aumento do pH e dos teores de Ca para níveis elevados podem ocorrer desequilíbrios nutricionais e indisponibilizar certos nutrientes. A salinização pode causar no solo, entre outros processos mudanças nas propriedades químicas e físicas do solo podendo afetar a absorção de certos nutrientes pela planta (BERNARDO, 1995). No Brasil, isso é verificado com maior freqüência na região Nordeste, principalmente em solos de origem calcária, como os observados na região Oeste do Estado do Rio Grande do Norte, principal produtora de melão do Brasil, Porém, este problema já pode ser observado em outras áreas irrigadas, principalmente no norte do Estado de Minas Gerais. Além disso, quando se trabalha com a fertirrigação a alcalinidade excessiva das águas pode criar uma série de inconvenientes que vai desde o entupimento dos emissores, pela precipitação de carbonatos e fosfatos, até a redução da disponibilidade de micronutrientes para as culturas (EGREJA FILHO et al., 1999).

O S e Cu apresentaram-se como nutrientes mais limitantes por excesso em todos os métodos. Os excessos encontrados para esses nutrientes são devido aos tratamentos fitossanitários utlilizados pela cultura que utilizam produtos à base desses nutrientes e que provavelmente devem ter influenciado no aumento desse nutriente nos tecidos foliares.

Em relação ao método do NCRIz, além do S e Cu, o Ca foi o nutriente encontrado como limitante por excesso. A região por apresentar solos derivados do calcário, contém uma elevada concentração de Ca que juntamente com a irrigação utilizando águas calcárias, aumenta ainda mais sua concentração no solo. Os nutrientes mais limitantes pela falta foram o K e P. O P pode ficar indisponível quando o pH é elevado, que é caso da região em estudo, já o K, os altos teores de Ca podempor inibição competitiva prejudicar a absorção do referido nutriente.

De acordo com os resultados expostos, todos os métodos foram eficientes na identificação dos nutrientes limitantes para o melão cantaloupe irrigado, havendo diferenças na ordem hierárquica da limitação.O Fe, B e o P estão entre os cinco nutrientes indicados em todos os métodos como mais limitantes da produção do melão cantaloupe irrigado na Chapada do Apodi.

Literatura citada
ALDRICH, S.R. Plant analisys: Problems and opportunities. In: WALSH, L.M; BEATON, J.D. Soil testing and plant ana1isys. Madison, Soil Science Society American, 1973. p. 213-21.

BEAUFILS, E.R. Physiological diagnosis: a guide for improving maize production based on principles developed for rubber trees. Fert. Society South African Journal, Pretoria, v.1, p.1-30, 1971.

BERNARDO, S. Manual de irrigação. ed.Viçosa: UFV, 1995. 657 p. BERNARDO, S. Manual de irrigação. ed.Viçosa: UFV, 1995. 657 p.

BERTRAND, I.; HOLLOWAY, R.E.; ARMSTRONG, R.D.; McLAUGHLIN, M.J.   Chemical characteristics of phosphorus in alkaline soil from southern Australia. Australian Journal of Soil Research, n.41, p.61-76, 2003.

EGREJA FILHO, F.B.; MAIA, C.E.; MORAIS, E.R.C. Método computacional para correção de águas para fertirrigação. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Brasília, v.23, n.2, p.415-423, 1999.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa do Solo. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999.412p.

MAIA, C.E; MORAIS, E.R.C.; OLIVEIRA, M. de. Nível crítico pelo critério da distribuição normal reduzida: uma nova proposta para interpretação de análise foliar. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande/PB, v.5, n.2, p.235-238, 2001.

MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo: CERES, 1980a.
245p.

MALAVOLTA, E.; GOMES, F.P. Foliar diagnosis in Brazi1. In: REUTHER, W. Plant analysis and fertilizers problems, Washington, American Institute of Biological Science, 1961. p. 180-189.

ORLANDO FILHO, J.; ZAMBELLO JÚNIOR, E. Diagnose foliar. In: ORLANDO FILHO, J. Nutrição e adubação da cana-de-açúcar no Brasil. Instituto do açúcar e do álcool, Piracicaba: 1983. p.125-152.

WALWORTH, J.L.; SUMNER, M.E. The diagnosis and recommendation integrated system In: STEWART, B.A.  Advances in soil science. New York: Springer-Verlag, 1987. p. 150-188.

WALSH, L.M.; BEATON, J.D. Soil testing and plant analysis. Soil Science Society American., Madison, WI, 1973.

MUNSON, R.D.; NELSON W.L. Principles and practices in plant analysis. In: WALSH, L. M; BEATON, J. D. Soil testing and plant analysis. Madison, Soil Science American Society, 1973. p. 223-48.

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